sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ser nordestino é...

...é advir de uma “indústria” manipuladora e cruel que há séculos
alimenta sonhos e se abasteceu destes para nutrir
uma industrialização localizada num “eixo” controlador,
além de suprir ganancias individuais de governantes da pátria.

Ignorância coletiva que faz hoje o Brasil se situar como
um país de terceiro mundo, dada a desestruturação social que
existe, o desequilíbrio que se estabeleceu e a desigualdade
que impera. A migração nordestina para o “eixo” foi feita e refeita

e desfeita...

o caos se estabeleceu tanto aqui quanto "lá"... ainda que lá, de uma forma
ou de outra, se dê ao “luxo” de ter uma média mais aprazível no que diz
respeito à qualidade de vida no âmbito do estado como um todo, e não
apenas nas capitais, como ocorre nos estados nordestinos. A indústria
da seca que atua no interior dos estados é triste, desoladora e avassaladora.

Paciente chato esse, rebelde e teimoso faz com que sua doença, o seu câncer,
este sim o verdadeiro câncer da alma, o câncer do povo nordestino, do povo
da seca, se torne incurável. Paciente chamado Brasil: políticos conterrâneos, governo federal,
iniciativa privada, povo brasileiro como um todo e uma parcela altíssima da mídia.

É algo de cerrar o olhos ao meio até desabarem em lágrimas ver um retirante
desse desembarcar "no eixo da esperança" e saber que ele não fará o jogo,
que não vingará, ao menos por meios lícitos, os seus antepassados e os seus filhos,
as sementes que tanto queria plantar com carinho mas a terra antiga não deixava semear,
e que agora vão povoar o “eixo”, o novo lar, o lar que excluía, que agora “acolhe” e que irá exclui-lhes novamente.

O que somos é isso... somos um mutante, transformado para atender a interesses
extra-humanos, no sentido mais inteligente do terno, eu diria...
o que é algo estúpido porque além de fazer-lhes passar (ou ao menos evitar, assim como
os “mesmos” nordestinos estão fazendo com Santa Catarina: ajudando) pela secura do
corpo e o escurecimento da alma acabou voltando-se contra “eles” assim como a escravidão
também o fez. “O que você faz, você um dia pagará!”, já dizia o sábio.
E agora estamos todos doentes de fato. Pegamos a doença dos
portugueses, fomos boicotados no leito do hospital pelos sulistas brasileiros
e agora traídos pelos nossos conterrâneos regionais sendo “esfaqueados” e sem ter nem
água para lavar o ferimento. E o que saiu disso é algo que
o Brasil se orgulha, mas, de fato se espanta quase que invejosamente:

O maior acervo cultural brasileiro (e da América Latina idem)

na música
na literatura
na poesia
no meio jurídico
na sociologia
nas artes plásticas

isso sem falar na medicina, esportes, publicidade (área que move o capitalismo e elege governantes)
e pasmem: “política”, incluindo o Presidente da Nação, um retirante de "sucesso".


Texto de Miguel Andrade

2 comentários:

  1. isso sem contar q ainda somos conhecidos pelo jeitinho brasileiro, o jeito malandro de encarar a vida e dar um jeito em tudo e como diria raimundo fagner: - "eita povo cheio de esperança."

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  2. eis o "crú" da vida nordestina.
    nada como uma verdade bem dita, pra fazer valer a pena nossa condição de seguidores de lampião.

    "já foi-se o tempo do fuzil papo amaelo,
    pra se bater com o poder lá do sertão,
    mas lampião disse que contra o flagelo,
    tem que lutar com o parabelo na mão..."

    só isso.

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