quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

E três bolinhas

"Sou mundo
Dou-lhe ou minha órbita
Pra sua comodidade cega
Como se fosse um paraíso inóspito
Para tu vagar em meio a lucidez
Ou meu dispor pra um universo
Daqueles bem grandes e sábios
Onde a sabedoria está nas estrelas
E a futilidade é poeria interestelar
Somos livres
Fazemos jus aos nossos passos
Mas ao mesmo tempo
Temos o fator orgulho
Que tem valia dubia
Ou lhe prende na ignorância
Ou lhe abre pro mundo pleno
Seja lá qual for a escolha
Seja jsuto consigo mesmo
O respeito é um muro alto
Quase insuperável
Mas a burrice tem limites
Logo conhecemos o outro lado
E apreciamos da forma remota
Da qual viemos
Depois de milhares de anos
Anos de evolução
A regressão em bruta carne
Um simples pensar efusivo
E aos que vivem nesse caos
Meus pêsames
Pois sou dramático e sincero
Medo é pra covarde
E eu tenho medo
De morrer na escuridão podendo enxegar
Sendo que a clareza também existe
E muitos não a ver
Por estarem usando a venda da mesmice
Sem conhecer o além dos muros
Usando-o apenas pra pichar frases feitas
E nomes que nem deles são
Rebanho desgarrado da luz
E aos mediocres, muito obrigado
Espero que pelo menos entendam
O que tentei dizer em poucas linhas
Porque a vida vai além disso também
Dessas palavras e idéais
Até o sol nos corroer
E virarmos adubos do renascimento
Ou de um ignorante
Ou de um outro tipo de ignorante


O mundo só é cão, pra quem não sabe latir."


Tcheus Augusto

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Um morto muito louco

Caros(as) leitores e companheiros(as) de blog, desculpem o sumisso de minha pessoa =p, férias neh mo véi! iuaheiuhaieuh. Vamo ao que interessa!

Não é novidade, mas planejando bater um recorde de maior permanência no ar amarrado a balões, morre o Padre Adelir A. Carli. Com seus balões cheios de gás hélio pretendia ir de Paranaguá até Dourados, porém condições climáticas o levaram para a costa do estado de Santa Catarina.
Portando um aparelho de GPS e um celular via satélite o Padre informou que percebera ter sido desviado de sua rota, informando também que não sabia utilizar o GPS (=p que coisa não?). Foi quando estabacou-se em algum lugar e morreu. No dia 1° de maio de 2008 após 72horas as buscas pelo "presunto" foram encerradas, mas no dia 3 de julho ainda do mesmo ano, eis que o "presunto" antes voador agora navegava e foi encontrado a 100 quilômetros da costa de Maricá, no Rio de Janeiro.

Devido a morte estúpida o Padre recebeu o prêmio Darwin. Este prêmio nada mais é do que uma honra atribuida a pessoas que ao tentarem "dar um peido maior que o cú e não mais que derrepente, explodem", encerrando assim sua miserável existência. Sendo assim contribuem para a melhoria do pool genético humano ao eliminarem os seus "maus" genes.
Procurando mais sobre esse tal prêmio descobri que os primeiros registos dos Prêmios Darwin apareceram em 1985, relatando uma morte absurda relacionada com uma máquina de escrever.

Mas a novidade vem agora.
Neste ano de 2009, deve estrear nos cinemas a mais nova animação da Pixar - UP!
"O filme trata das peripécias de um velhinho ranzinza de 78 anos chamado Carl Fredricksen. Ele resolve fazer sua casa levantar vôo com ajuda de balões. O cabeça dura, porém carismático velhinho, tem a intenção de viajar dos Estados Unidos até uma região montanhosa da Venezuela. Como será o fim desse passeio nas alturas?"

Só não pode acabar no Rio de Janeiro também, porque todo filme gringo rodado no brasil acaba numa favela do Rio, neh?? Tipo o "Hulk", queria bater na cara e xingar a mãe do cara que teve essa idéia de trazer ele pra cá. E caso acabe na favela, coitado desse "velhote", porque em "Turistas" tinha um cara que prendia e roubava os orgãos dos gringos.

Mas os americanos tem essa coisa mesmo de ser melhor em tudo neh? Como em "Rocky IV" onde Rocky Balboa(Stallone, claro!) luta contra o Russo Ivan Drago(Doloh Lundgren), nessa luta Rocky perdendo por pontos acaba nocauteando o russo na prórpia "União Soviética". Tão Hollywoodiano isso. Agora estão fazendo um senhor de idade que decide sair por aí, voando, tchaptchura, COM A CASA! Tá certo, nós brasileiros tivemos uma "mula voadora" (o tal padre), mas ainda somos pioneiros em babaquices aéreas.

Corre a boca pequena que a família do "Padre voador" está processando os estudios da Disney, por danos morais e direitos autorais. Tão brasileiro isso neh?? Fazeno uma graninha com indenização.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Há tempos não posto, então, hoje, gostaria de abrir sobre a mesa um texto do Luís Fernando Veríssimo. Lá vai:

Contemplando o fogo

Os povos de climas quentes têm menos necessidade de fogo para aquecê-los, por isso foram privados das divagações que vêm com a contemplação do fogo e são menos filosóficos e mais superficiais.


Luis Fernando Verissimo

Sustento que não foi o clima frio que favoreceu o crescimento de civilizações mais avançadas. É que os habitantes de climas frios passaram mais tempo contemplando o fogo. Os povos de climas quentes têm menos necessidade de fogo para aquecê-los, por isso foram privados das divagações que vêm com a contemplação do fogo e são menos filosóficos e mais superficiais. Nos climas frios, de tanto olhar as chamas qualquer pessoa acabaria desenvolvendo, se não escatologias ou sistemas ontológicos completos, pelo menos teses. Foi contemplando o fogo de uma lareira, no último inverno, que desenvolvi a minha. Ou teria sido o conhaque?

Os povos de clima quente têm a experiência direta do sol na cabeça, os de clima frio experimentavam o sol armazenado na madeira, portanto o sol intermediado, reciclado pelo tempo. O fogo armazenado é o sol de segunda mão, quase uma versão literária. Olhar para o sol transformado em fogo domesticado leva a abstrações e ponderações, olhar para o sol original leva à cegueira. Mas tanto o sol vivo no céu quanto o sol ressuscitado no fogo podem destruir o cérebro, um fritando-o e outro levando-o para tão longe que ele se eteriza. Não há notícia de Einsteins em regiões tropicais, mas também não há notícia de cientistas loucos. Abstrações e ponderações em overdose também podem ser fatais. Contemplar muito o fogo também enlouquece.

A combustão da madeira, sendo consumida pelo fogo do sol que absorveu a vida toda, é uma metáfora para a existência: você também é consumido pelo que lhe dá energia – mais ou menos rapidamente, dependendo de ser graveto ou nó de pinho. E concluí o seguinte, olhando as chamas: se envelhecer é ir ficando cada vez mais grave, só atingiremos nossa verdadeira seriedade depois de mortos, quando nos juntaremos aos fósseis. Também levaremos energia aprisionada para baixo da terra e seremos como o carvão, o petróleo e os restos degradados de tudo que já viveu, integrados na capa explosiva do planeta – o que pode ser mais sério? Toda matéria orgânica, da jabuticaba ao papa, almeja isso, essa respeitabilidade subterrânea, essa dignidade de mineral depois da frivolidade efêmera da vida. Do barro viemos e ao barro voltaremos, mas agora em outra categoria, depois da nossa temporada ao sol: a de combustível. Entendo quem prefira a cremação (que é quando a nossa identificação com lenha fica mais completa), mas eu quero tudo a que tenho direito depois de morto. Decomposição, gases – enfim, minha iniciação na nobre irmandade dos inflamáveis.

Olhando o fogo, também pensei em seu poder hipnótico e em como ele devia inflamar a imaginação de quem o contemplava, no tempo das cavernas, e via nele fantasmas e presságios. O fogo era, de certa forma, a televisão da pré-história – com uma programação muito melhor.

Fonte: Jornal “Zero Hora” nº. 15471, 7/1/2008.